sexta-feira, 20 de julho de 2007

será que essa é a hora.?

vamos lá, eu tenho praticamente duas horas p. escrever a minha vida inteira nos últimos seis meses e dessa vez, com a dúvida de que, provavelmente, quem eu não quero que leia, vá ler isso aqui.
como duas hs seria pouco tempo p. que eu pudesse resumir meio-ano, vou apenas contar os fatos mais importantes e depois, o que me leva a escrever isso.
eu já disse milhares de vezes e não me canso de repetir que gosto das pessoas e não do sexo delas. eu fico com meninas da mesma forma que fico com meninos, quando gosto do que elas fazem, das atitudes e das palavras. fico com meninos quando me chamam a atenção, gosto do que fazem, das atitudes e das palavras.
da mesma forma.
da mesma forma.!
há um tempo eu fiquei com uma menina e depois, as coisas começaram a acontecer com outras.
pleno século xxi já é tempo de aceitar que as coisas mudam e que, os dogmas impostos pela sociedade não precisam ser aceitos sempre. e que, vale fazer o que se acha certo quando se trata da incansável e eterna busca pela felicidade.
eu o fiz.
fiz o que achava certo.
pena que, as opiniões divergem e o que eu penso, não é o mesmo p. as pessoas que me rodeiam - algumas pessoas.
quando meu pai "descobriu", tivemos uma conversa e eu disse que tinha ficado só por curiosidade e ele fez chantagem emocional, jogou tudo o que tinha direito - e até o que não tinha - na minha cara e me fez sentir mal por isso. disse que eu tinha que contar tudo que acontece comigo p. ele.
ele só esqueceu de se lembrar que, tudo que eu omito, é p. preservá-lo, é pq não quero decepcionar todas as expectativas que ele sempre teve comigo e até confesso que, opção sexual não muda em nada a pessoa que eu sou e a pessoa que eu sempre fui.
de uns tempos p. cá, ele deve andar meio desconfiado. já tinha escrito aqui sobre as cartas que possivelmente ele encontrou e não disse nada, no começo da semana também dei falta de um bilhete que eu tinha na carteira e curiosamente, ele comentou sobre a minha carteira no dia, sobre o fato de eu deixá-la jogada em qualquer lugar e alguém pegar o dinheiro que trago nela, na hora nem reparei mas ontem, ao olhar minha carteira, notei a falta do bilhete que estava ali desde quando eu tinha ganhado.
ainda essa semana, eu estava aqui no computador escrevendo algo p. publicar aqui e poderia até ser o melhor texto da minha vida, eu me sentia bem escrevendo e me sentia na necessidade de escrever. ele chegou no quarto de surpresa e, por conter coisas que ele não gostaria ou não deveria saber fechei a janela de onde escrevia sem salvar, ele ficou bravo e veio usar o computador, deve ter fuçado em todos os arquivos possíveis que tenho por aqui.
eu fiquei com tanto - mas tanto.! - medo que deitei p. assistir um filme e acabei dormindo sem saber o que ele tinha feito.
fiquei apavorada.sem saber o que fazer.
ontem conversei com meus amigos sobre o que fazer e eles me aconselharam e falaram o que fariam se estivessem na minha situação - que provavelmente, eles vão passar daqui um tempo.falaram p. que eu fosse sincera com o meu pai pq se ele viesse falar comigo, ele já teria certeza do que acontece e que eu não precisava mais "esconder", eles só esqueceram de lembrar que, na teoria tudo é muito mais fácil e que, quando a teoria tem que virar prática existem milhares de coisas que te impedem de fazer com que consiga dizer o que tem que ser dito.
eu sou covarde.
não conseguiria dizer.
o medo que fiquei me impediu até de vir p. o computador e fiquei lá na sala com o restante da família, minha mãe e meus irmãos. assistimos tv e jogamos baralho, rimos e comemos batata frita.acho que meu pai não vai falar nada pq minha mãe nem tocou no assunto e ele já teria comentado com ela.
muito pelo contrário.
ficou um clima muito gostoso lá.
bem coisa de família mesmo, sabe.?
meu pai chegou e meu coração já deve ter ido aos trezentos batimentos por minutos. eu não tô exagerando.! também não tocou no assunto.
deu voltas e voltas, como faz todos os dias. sentou-se no sofá ao lado do que eu estava deitada e conversou, normalmente.
pediu p. ver fotos no dvd e aí meu coração re-acelerou.
ele tinha vindo no computador uns dias antes e vai lá saber o que ele viu aqui. não que eu tenha muitas coisas que comprometem, mas é como se diz "a maldade está nos olhos de quem vê.!".
coisas sútis p. mim podem ter importancias gigantescas p. ele e até mesmo, deixar aflorar a imaginação dele, que quer ver isso.
não que quer ver, mas que quer escutar eu dizendo isso.
e foram as fotos da festa que começaram a passar na tv.
eu disse que ia p. quarto assistir a novela e fui, fiquei lá e eles vendo as fotos na tv da sala. eu não consegui ouvir o que diziam, mas algo me diz que comentavam sobre as fotos que ele havia visto aqui, fotos que como já disse, não comprometem em nada.!
assim que acabou a novela, assisti um pouco de um filme que estava passando e peguei no sono, novamente.
dormi com a tv ligada.
ele desligou, não sei que hs.
acordei só hoje de manhã, tive uma noite tranquila e dormi como há tempos não dormia.
que bom.!
eu estou anciosa.
me falaram que, se eu estivesse preparada, deveria contar.
mas eu nunca vou estar preparada.
seis meses se passaram e eu ainda estou da mesma forma, com o mesmo medo e perdida, de novo.
eu tenho medo da reação dele pq é como dizem "com a filha dos outros tudo é mais fácil, quero ver se fosse com a sua.!".
eu, também, não vou assumir algo que não sou. eu não sou lésbica, mas também não diria que sou heterossexual. gosto de pessoas.!
e como será que se denomina essa opção.?
é, não sei.
não vou assumir algo que, vai mudar o jeito que meu pai me olha e o tom de voz que fala comigo.
eu já disse, sou covarde.
covarde.
covarde.
covarde.!
aí vem alguma voz de sei lá onde e me diz.: "quando você faz, não pensa nas consequencias e agora fica assim, né.?"
e quem disse que não penso.?
quem disse.?
a cada passo que dou penso na forma de como vou retroceder caso ele me traga problemas, penso em como vou fazer p. que meu pai acredite nas minhas palavras e que me entenda.
eu disse da última vez que escrevi aqui que odiava meu pai, mas é um ódio momentaneo, que surge após momentos revoltantes em que eu me stresso por não saber me controlar. se eu o odiasse como disse, não estaria preocupada com o que fazer e na forma com que falar p. que ele não se sinta mal e nem enganado pela pessoa que deve á sua vida à ele - no caso, eu.
o meu amigo a quem pedi conselhos disse que o meu já sabe e de certa forma, eu concordo com ele.
são tantas evidências.
tantas verdades ocultas.
tantos medos.
de todas as evidências, metade delas já fariam com que ele soubesse.
eu imagino como ele deve se sentir e fico mal por isso, por ele e por mim, também.
com certeza o sonho dele em ter uma filha não era ter uma filha e passar por essas e outras com essa filha.
e passam tantas e tantas coisas pela minha cabeça que eu não sei o que dizer.
ou por onde começar.
em qual ponto tocar e qual seria a solução de todos esses problemas.
na verdade, eu sei o que dizer, por onde começar e qual é o ponto principal a ser dito e a solução de todos esses problemas.
a solução é que eu diga quem eu sou, o que sou e onde sou, pq sou e que toque nos pontos certos.
seja sincera não com ele, mas comigo mesma.
como ele me disse, na nossa primeira conversa.
na primeira evidência.
e na primeira vez que a verdade foi capaz de se fazer mais forte pelo conjunto da obra.

Um comentário:

ilusão ilusória. disse...

o mais difícil é se reconhecer. fazendo-o, tudo que é difícil parece ser mais difícil, mas acho que no fundo no fundo, fica fácil.

... mas achar é uma coisa, ter certeza é outra.

[não me conheço desde então]

Beijo. Amo(L)