quinta-feira, 6 de março de 2008

a força do povo.

essa história nem é minha mas as vezes é legal que peguemos a vida e as dores das pessoas as contemos - e não é pq falei dor que vai ler uma história triste agora, foi só p. fazer um draminha mesmo.
ela estava lá aonde trabalha observando pela janela a cidade andar, párar e andar de novo; coisa de quem não tem o que fazer - ou até tem, mas não faz - no meio da semana, com um calor escaldante e já chegando ao final da tarde.
lá de cima ouviu vozes que gritavam "pára, pára, pára...vai bater.!" e aonde ia bater eu já não sei pq já disse que não estava lá. era um caminhão que precisava estacionar p. descarregar mercadorias. lá é uma avenida cheia, cheinha de comércios. eu já ouvi dizer que tudo fica mais pesado com o calor, imagine então um caminhão cheio de pacotes. o motorista não conseguiu, coitado; ainda o apavoraram com a idéia de que ele ia bater e destruir alguma coisa dali. em frações de segundos após o "pára, pára, pára...vai bater.!" o moçinho que estava lá ajudando ele a estacionar já disse.: "é, vai ter que dar ré...não tem jeito de ficar aqui não".
não que aqui seja uma cidade imensa, mas tem a movimentação da galera querendo ir p. casa depois do trabalho, da galera que passa o dia todo andando de carro só p. atrapalhar e de todo o resto da galera e a conclusão é que o caminhão aí trancou o trânsito que cresceu e da janela ela via carros à perder de vista.
o trânsito stressa as pessoas, néh.? junto com aqueles gritos do moçinho que ajudava, agora tinha o dos motoristas que já ficavam impacientes e buzinavam e, nem assim, ajudavam.
o povo do comércio foi saindo p. ver o que acontecia e de repente saí de um carro lá de longe um homem que ainda não tinha meia-idade, todo engravatado e com cara de que nunca atende o celular quando a esposa liga e puxou as mangas da camisa e pôs-se a ajudar movido pelos curiosos de plantão que lá estavam p. ver.
"vai, dá ré, agora p. direita, vira todo o volante, engata a primeira e vaaaaaaaai."
e foi. aquilo parecia o maracanã lotado em dia de clássico carioca.
era gente gritando "vai, vai, vai" daqui; gente gritando "uuuuuuuh" de lá e gente batendo palma quando eles, finalmente, conseguiram.
tem que ter fé, garra e força; a força está mais relacionada com a união e pressão psicológica que você pode impor à alguém do que com quantos centímetros de braço você tem.

* http://otropicodecancer.blogspot.com/

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